Por Frei Jacir de Freitas
A usual e trágica submissão da mulher ao homem, geradora de violência histórica, não faz parte do plano divino que os criou em igualdade (Gn 1,27). Isso é fruto de um processo cultural que deve ser mudado. As mulheres são, na história, protótipos/modelos de força, luta, garra, apontando o caminho a seguir nas vozes nas vozes de Maria Madalena, Maria de Nazaré, Débora, IrmãDorothy, Margarida Alves, Marielle Franco etc. Nós, os homens, não raro abafamos suas vozes em favor de nosso poder misógino, machista, autoritário e dominador.
Hoje e sempre é fundamental que nos penitenciemos e apresentemos nossas escusas, nossas desculpas a você, mulher, pelo mal que lhes infligimos na história. Convido a vocês, homens, ressalto aqui os de Igreja, e mulheres, para o empenho mútuo no sentido de refazer a cultura que nos dividiu. Com Madalena sejamos íntegros nonosso ser masculino e feminino. O Deus da história nos conduza na busca da valorização, harmonia, respeito, igualdade homem/mulher nos anos vindouros.
Não quero repetir o jargão ‘viva as mulheres’, mas viva a VIDA na vivência do ser mulher de você, mulher-Eva, a mãe dos viventes, parceira primeira de Deus na geração da VIDA.
Mulher, você é cultura, planta que nasce no campo, que gera sempre, é semente que nasce do seio da terra. Vida que nos faz seres humanos. Por isso, você, mulher, muito mais do que pensa, é a intuição, é a criação, é a fantasia, é o amor.
Image by Freepik
Frei Jacir de Freitas Faria é Frade Franciscano da Ordem dos Frades Menores e Presbítero. Estudou no Pontifício Instituto Bíblico de Roma, onde obteve o título de Mestre em Ciências Bíblicas. Doutor em Teologia pela Faje (BH). Complementou os seus estudos no México e Israel, onde fez, respectivamente, cursos de Leitura Popular da Bíblia, Arqueologia, Geografia e Topografia de Israel e Jordânia. Pesquisador da literatura apócrifa, os 180 livros que não foram reconhecidos como inspirados pela Igreja, Frei Jacir tem contribuído para a pesquisa e compreensão dessa literatura de forma crítica e ecumênica. Sobre essa temática, o seu último livro é: O Medo do Inferno e a arte de bem morrer: da devoção apócrifa à Dormição de Maria às irmandades de Nossa Senhora da Boa Morte. Petrópolis: Vozes. Professor de Exegese bíblica. Foi reitor do Instituto São Tomás de Aquino (ISTA/BH) e Diretor Geral e Pedagógico dos Colégios Santo Antônio e Frei Orlando, ambos em Belo Horizonte (MG). Avaliador Institucional do MEC. Membro efetivo, ocupante da cadeira nº 20 da Academia Divinopolitana de Letras, bem como da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (ABIB). Tem publicado 25 livros, sendo um como organizador, dez autoria e quatorze em coautoria. Tem publicado mais 200 artigos em revistas e jornais.