Elmo Fernandes

Em dia com a Língua Portuguesa

Por Elmo Fernandes

Mordi minha língua!

Errado! Não se emprega o possessivo, quando se trata de parte do corpo, qualidade do espírito ou peças de vestuário. Neste caso, usa-se apenas o artigo:

Mordi a língua! (E nunca: Mordi minha língua!).

Ele perdeu o juízo. (E nunca! Ele perdeu seu juízo).

Rasguei a camisa. (E nunca Rasguei minha camisa!).

Quebrei o pé. (E nunca: Quebrei meu pé).

Lembrete: quando o possessivo inicia a oração, ele é indispensável:

Meu pé está sangrando.

Origem das expressões

Pentear macacos

Essa frase proferida como ofensa é adaptação brasileira de um provérbio português mal grado haja quem asno pentear. Na tradição Portugal pentear, burros e jumentos seria tarefa menor, quando se desnecessária. Provavelmente, o verbo significa escovar, um luxo para animais de carga. Mas no século XVIII o animal já havia sido substituído por um bugio em Portugal e macaco no Brasil tal como aparece no documento de (1714-1777), que deve ter penteado muitos macacos, já que quem exercia o poder era Marques de Pombal (1969-1782) que, inclusive, transferiu a capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro. A expressão está registrada por Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) em locuções tradicionais no Brasil.

Dicionário de humor da língua portuguesa

Caatinga – cheiro ruim.

Caçador – indivíduo que procura sentir dor.

Cálice – Ordem para ficar calado.

Campeão – um cão que é também peão. Monta muito!

Caminhão – Estrada muito grande.

Canguru – Líder espiritual dos cachorros.

Capacidade – controle de natalidade em centros urbanos.

Carmo – Caipira sossegado.

Carregador – masoquista; aquele que carrega a dor.  

Catálogo – Ato de se apanhar coisas rapidamente.

Cerveja – o sonho de toda revista.

Cleptomaníaco – maníaco por Eric Clapton.

Coagir – atuar em equipe.

Conceição – elemento de soma – Ex.: quatro com seis são dez.

Contrariamente – meio burro. Aquela que contraria a mente.

Corrigiu – mandaram um recado pro Gil correr muito, porque a políciaestava chegando.

Dicionário de mineirês

Blusdifrii – Blusa de frio.

Bobajada – Bobeira, besteira.

Boca de pito – Cafezinho.

Bocó – Bobo.

Bocoió –  Muito bobo.

Bodimii – Bolo de milho.

Bololô – Confusão, bagunça, briga.

Bolô – Bolor, mofo.

Boquêra – Ferimento na boca.

Boquinha – Boca pequena; boca pequena; boca grande; oportunista: “Gosta de pegar uma boquinha!’’

Bóra – Vamos embora; está aceito.

Brabeza – Braveza; ferocidade.

Breguete – Variação da expressão “trem”. Usado para nomear qualquer coisa.

Bubiça – Bobagem, chacota, gozação ou relação sexual.

Bucho – Estômago.

Bufunfa – Dinheiro, grana.                                    

Bunidimais – Bonito demais.

Burrice – Falta de inteligência.

Burricido – Aborrecido, chato.

Pensamento da semana

“Acusar outrem pelas próprias desgraças é próprio dos ignorantes; acusar-se unicamente a si, é próprio do homem que começa a instruir-se; não acusar nem a si nem aos demais, é qualidade do homem já instruído” (A.D.)

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Elmo Fernandes é professor de Língua Portuguesa e escreve semanalmente no Portal Phóx a coluna “Em dia com a Língua Portuguesa”.