Por Patrícia Santos

No encontro entre duas pessoas, um olhar encantado para o outro nutre a admiração, assim nasce o amor. A admiração alimenta o amor, porém a relação de casal é regida pela lei do equilíbrio, ou seja, as trocas precisam estar em sintonia, com o dar e o tomar. A gentileza de um move a gentileza do outro, o mesmo acontece com a rispidez e a grosseria. Cada um dá aquilo que tem e recebe na medida em que consegue sustentar. Uma dinâmica comum nas relações, que gera desequilíbrio, acontece quando a pessoa acredita que precisa fazer tudo pelo outro na ânsia de fazer dar certo, ela se encolhe para caber no universo no outro. Esse movimento ao invés de aproximar distancia, porque quanto mais faz, mais exige do outro, e o grande problema é que exige o que quer e esquece que cada um só consegue dar aquilo que tem.
Quando o filho sente que faltou algo na relação com os pais, lamenta, julga e critica a relação de casal deles, tende a buscar no relacionamento aquilo que supostamente lhe faltou. Ainda criança, esse filho espera pelo amor dos pais, porém a criança não consegue dar nome aos seus sentimentos, não consegue expressar em palavras aquilo que sente, mas espera como se os pais soubessem, gerando uma frustração porque normalmente, a criança espera mais do que recebeu, esse comportamento continua na vida adulta. Esse é um padrão muito comum, nessa espera o filho costuma tomar partido do pai ou da mãe, causando um esvaziamento, uma carência. Essa carência é expressa através da exigência e aquele primeiro olhar de admiração transforma-se num olhar crítico e exigente, afetando a comunicação e o diálogo. Muitos casais, expressam amor através da crítica, acostumam tanto a reclamar e criticar o outro que perdem o encantamento e sentem-se aprisionados.
Para liberar é preciso olhar com muito amor para aquela criança que não sabia se expressar, acolher e dar a ela o amor que ainda espera, também conectar-se com os pais e deixar com eles a relação a dois. Quando o filho chega, a história dos pais já existia, ele não conhece os acordos dos pais, as dores e toma partido considerando um fragmento da história, a parte que ele conhece. Desistir desses julgamentos libera e aproxima novamente o filho dos pais, preenchido ele torna-se inteiro para a relação a dois, reduzindo consideravelmente as exigências.
A reconciliação com os pais, com as experiências vividas, torna possível a conexão com a alegria da criança, a leveza e liberdade dela, assim o adulto pode dar voz aquela criança, deixando de esperar que o outro adivinhe o que ele deseja, expressando claramente de forma segura e respeitosa.
A visão sistêmica proporciona essas reflexões que precisam ser transformadas em ação. Para melhorar a comunicação é preciso ter diálogos internos mais saudáveis, verdadeiros, nutrir pensamentos mais amorosos, tornar-se ativo e resgatar a admiração por si, assim ressoar para o outro e criar um ambiente seguro para ser quem é verdadeiramente, permitindo-se ser visto(a) e enxergando o outro como é. Acolher as frustrações e expressá-las através da comunicação compassiva, abrindo espaço para que o outro faça o mesmo, sem medo da rejeição, conecta e aproxima. Transformar o amor em palavras, transbordar afeto através de gestos gentis e olhar com alegria para si e para o outro fortalece o relacionamento, com a consciência que as divergências fazem parte e novos acordos podem ser firmados respeitosamente. Relacionar é comunicar.

Image by peoplecreations on Freepik

patriciacoachingsistemico@gmail.com | + posts

Formada em Administração com Habilitação em Recursos Humanos
Personal Professional Coaching
Terapeuta Sistêmica